segunda-feira, 25 de maio de 2015

CHAVE


Por onde entrei?
Entrei por essa porta.

Qual?

Não te sabes, não a sabes, não sabes! É uma porta que range nos gonzos. Por falta de uso. Não te usas, não a usas, não usas…
Entrei-te e voltei a sair só para avisar os outros de que me ia demorar.

És tanto por detrás da porta que acho que te perdeste em ti mesmo, que constróis sobre pormenores e te deixas pequeno no imenso espaço interior, rico de tudo, cheio de tanto, ocupado de tão pouco.
A porta fechei-a atrás de mim. Não a deixei aberta não te fosses fugir. E não te quis arrumar porque só nós nos podemos escolher por dentro, separar o essencial do acessório. Mas peguei-te na mão da emoção e fiz-te percorrer os labirintos, os nós, os muros e as barreiras, as paredes de cristal e os abismos por detrás delas.

Sentei-me à porta disposta a ficar só mais um pouco, para ver se depois do passeio te vias, te sentias… Curiosidade pura.
A porta não mais a abri. Que estou tão bem aqui, vendo-te a alma desimpedida e os sentimentos ganhando voz. Que estou tão confortável na tua descoberta de ti mesmo, no deslumbramento de te gostares.
Não saí pela tua porta. E acho que vou ficar. Não digas a ninguém, mas enfiei-me no abismo do teu amor.
 E deitei fora a chave….

 

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